Caos no Nepal: big techs, nepo-babies e One Piece na primeira revolta da Geração Z

Com 19 mortos e mais de 300 feridos, confrontos com a polícia, incêndios em prédios governamentais e casas de autoridades e um primeiro-ministro deposto; o Nepal presenciou a primeira grande revolta popular da “Geração Z”. E qual foi “a gota que fez o copo transbordar”? As redes sociais.

O país já vinha enfrentando um descontentamento entre os jovens devido a alta desigualdade social, onde um em cada cinco nepaleses vive na pobreza. A elite política passou a personificar tal desigualdade com a exposição nas redes sociais dos filhos dos políticos que ostentavam luxos, os chamados no protesto de nepo babies (filhos do nepotismo). Além disso, escândalos de corrupção estouraram e o sentimento de impunidade alimentou ainda mais a indignação da população de jovens da Geração Z.


Mas o que levou “o caldo a entornar” foi o anúncio do governo do Nepal de proibir pelo menos 26 redes sociais, incluindo Facebook, WhatsApp e Instagram, da Meta. A decisão foi baseada no fato das plataformas não cumprirem os requisitos locais de registro do Nepal, além de determinações de medida que visavam combater notícias falsas, discurso de ódio e fraudes online. Contudo, a medida transformou o que era uma campanha online em protestos na capital Catmandu e nas áreas vizinhas.

Um elemento também se fez presente aos protestos, a bandeira pirata com uma caveira e ossos cruzados (também chamada de Jolly Roger) do anime One Piece, obra do mangaká japonês Eiichiro Oda. A bandeira, que já marcou presença em protestos anteriores em outros países, se tornou um símbolo de rebeldia e descontentamento entre os nepaleses, sendo hasteada junto a bandeira do país.

Após dois dias de protesto, o primeiro-ministro nepalês, KP Sharma Oli, renunciou após a escalada de violência dos protestos, com direito a confrontos diretos com a polícia e incêndios em prédios governamentais e casas de autoridades.

Qual foi a repercussão no Brasil e no Mundo?

A agência de análise e inteligência digital, Ativaweb, realizou um estudo que analisou mais de 10 milhões de menções nas redes sociais no mundo, onde 74% das menções foram favoráveis às manifestações e críticas ao governo do Nepal. No Brasil, segundo o levantamento, 60,8% de quase 2 milhões de interações apoiaram os protestos.

E claro: extrema direita brasileira não poderia perder a chance de utilizar o episódio como uma forma de atacar a nossa democracia.

Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer, ambos deputados do PL, fizeram em suas redes sociais uma comparação entre a crise política no Nepal e o julgamento de Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de estado. Gayer chegou a publicar: “Quando a população se levanta, nada fica em pé, absolutamente nada. O Nepal está dando uma demonstração de que tudo tem limite.”

O presidente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara, o deputado Reimont (PT-RJ), acionou a PGR para investigar os deputados. Segundo o documento enviado, ambos teriam publicado em suas redes posts que buscavam um paralelo entre as mobilizações ocorridas no Nepal e a conjuntura política no Brasil, com objetivo de “insuflar nova ruptura democrática e incentivar atos de desobediência civil”.

 

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