A rede social não somente infringiu uma determinação do TSE, como ignorou as próprias diretrizes da plataforma ao liberar anúncios político-eleitorais durante as eleições em 2024
O relatório Anúncios políticos no Linkedin durante as Eleições Municipais de 2024: entre a proibição declarada e a realidade praticada (2025), publicado pelo Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais da UFRJ, Netlab, analisou que, apesar das plataformas digitais como o Google e o LinkedIn declararem que anúncios político-eleitorais eram proibidos, isso de longe não foi suficiente para impedir a veiculação de tal conteúdo.
Em 2024, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicou a resolução n.° 23.732/2024, que estabelecia que as plataformas digitais mantivessem um repositório online com dados públicos caso prestassem serviço de impulsionamento de anúncios político-eleitorais no Brasil.
Mesmo com muitos recursos, gigantes como o Google e Kwai alegaram impossibilidade técnica para implementar as medidas de transparência exigidas pelo TSE. Para tentar evitar a responsabilidade, o LinkedIn afirmou que anúncios de teor político seriam proibidos na plataforma.
Contudo, só dizer que “não permite” nem de longe impediu que os anúncios circulassem livremente tanto no Google quanto no LinkedIn. O relatório do Netlab identificou 273 anúncios que estiveram ativos no LinkedIn entre 01 de maio e 07 de outubro de 2024, período da pré-campanha e a campanha do primeiro turno das eleições municipais de 2024.
Dentre os anúncios analisados pelo Netlab, 31,9% (87) promoviam conteúdo político-eleitoral, sem qualquer transparência sobre os anunciantes e os valores, além de fazerem referências diretas a figuras públicas que ocupavam cargos eletivos e projetos de lei/políticas públicas. Outros 14,7% (40) faziam menção a autoridades públicas ou pessoas que ocupavam cargos não–eletivos, como ministros de Estado.
Numa entrevista para o Deul Tilt, da Uol, o diretor-geral do LinkedIn para América Latina e África, Milton Beck, afirmou que o Brasil é o terceiro maior mercado para o LinkedIn no mundo, com mais de 85 milhões de usuários. Além disso, a plataforma é a décima rede social mais utilizada no país, de acordo com o relatório do DataReportal de 2024.
Também em entrevista para o Uol, a fundadora e diretora do Netlab, Marie Santini, reforçou que a plataforma está descumprindo as regras do TSE e alertou: “se as plataformas não cumprem as regras eleitorais, a própria eleição fica comprometida”.
Matéria produzida por Pedro Octávio, historiador, ativista digital e membro da comunicação do movimento Sleeping Giants Brasil